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sexta-feira, 25 de março de 2011

PROTESTO DA UESPI

Deu na imprensa: Alunos protestam por melhorias na Uespi e fecham avenidas do Centro

Manifestação fechou o trânsito e terminou no Palácio de Karnak, em busca de audiência com governador. Texto: A- A+

Estudantes e professores da Universidade Estadual do Piauí - UESPI - fecharam avenidas de Teresina na manhã desta quinta-feira (24). Eles reclamam melhores condições para as aulas e foram ao Palácio de Karnak em busca de uma audiência. No entanto, ficaram mesmo do lado de fora. O governador Wilson Martins passou o dia em São Paulo.

Fotos: Thiago Amaral/Cidadeverde.com

Os manifestantes usaram a criatividade para protestar. Vestiram roupas pretas e levaram velas e caixões para simbolizar o velório da instituição.

A passeata saiu da Faculdade de Ciências Médicas - Facime. O grupo fechou o cruzamento da avenida Frei Serafim com a rua Coelho de Rezende, uma das principais da cidade. Depois, bloqueou a avenida Antonino Freire, em frente ao Palácio de Karnak. 


O grupo cobra aumento no orçamento da verba para despesas da instituição. 

Em nota ao Jornal Cidade Verde, a Uespi informou que não se furta de suas obrigações e todos os campi estão preparados e equipados para receber os alunos. 

sábado, 19 de março de 2011

ASSEMBLÉIA GERAL DOS ESTUDANTES DA UESPI DIA 21/03-SEGUNDA-FEIRA AS 15:00 CAMPUS TORQUATO NETO/CAIXAS ELETRÔNICOS

ASSEMBLÉIA GERAL DOS ESTUDANTES DA UESPI
DIA 21/03-SEGUNDA-FEIRA
AS 15:00
CAMPUS TORQUATO NETO/CAIXAS ELETRÔNICOS
 

Nota da ANEL/PI sobre a Paralisação dos Professores e Técnicos da UESPI



A situação da UESPI é alarmante, falta desde material básico (pincéis, papel, carteiras, etc) a salas e professores efetivos. No interior essa situação é ainda mais grave, em Picos, por exemplo, o início das aulas está ameaçado por não ter salas suficientes. Essa situação se dá pois a UESPI não possui autonomia financeira, ou seja, sofre com a falta de verbas e com a impossibilidade de decidir como aplicar os seus  recursos.
Por conta disso a UESPI já teve mais de 20 cursos que não foram reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação do Piauí. Para mudar essa realidade, estudantes, técnicos e professores iniciaram desde o dia 20 de Setembro (2010) a Campanha SOS UESPI para chamar a atenção da sociedade. A campanha já organizou aulas públicas, audiência junto ao Ministério Público e debates. Além da ANEL, participam dessa campanha: ADCESP (Sindicato dos Docentes da UESPI), CA de Comunicação Social, CA de Direito, CAs de História (Torquato Neto e Clóvis Moura), Coletivo ENECOS-PI, Coletivo Movimento dos Estudantes da UESPI (MEU), CORAJE (Corpo de Assessoria Jurídica Estudantil), Núcleo de Educação e Movimentos Sociais da UESPI e o DCE do Campus de Picos.
Nem o Governador Wilson Martins (PSB), nem o Reitor Carlos Alberto (PT) e muito menos o Secretário de Educação Átila Lira (dono de várias Faculdades) estão preocupados com a UESPI, pois não tomam medidas concretas para solucionar os graves problemas. Ao invés de contratarem mais professores efetivos, por exemplo, farão concurso para temporários que não possuem direitos e não podem orientar estudantes em projetos de pesquisa.
No dia 17/03 os professores aprovaram em Assembleia Geral uma paralisação por quatro dias por melhores condições de trabalho. A ANEL apóia a luta dos professores e técnicos e faz um chamado para que os estudantes e suas entidades na UESPI se mobilizem e reivindiquem melhorias junto aos trabalhadores. Queremos uma universidade que garanta o direito a ensino, pesquisa e extensão de qualidade e a permanência dos estudantes com assistência estudantil (bolsas, restaurantes, residências, creches...).
Exigimos:
- Mais verbas para a UESPI já! Fim dos incentivos fiscais às Faculdades do Sec. de Educação Átila Lira e demais tubarões do ensino no Piauí!
- Melhores condições de trabalho para professores e técnicos da UESPI! Concurso público para efetivos desses setores já!
- Entrega imediata da Biblioteca do Campus Torquato Neto e construção de novas unidades, devidamente equipadas, nos demais Campus já!
- Restaurantes universitários com preço de bandejão acessível e subsidiado; Isenção de cobrança para estudantes com pais de baixa renda;
- Laboratórios funcionando com equipamentos e com apoio técnico especializado (servidores efetivos)
- Salas de aulas com climatização agradável
- Moradias Universitárias;
- Mais e melhores bolsas-trabalho
- Creches para os filho(a)s de estudantes e trabalhadore(a)s da UESPI;
- Eleições diretas para Reitor, com voto universal;
- Paridade na composição dos órgãos colegiados e escolha democrática dos representantes;
- Participação nas discussões sobre o processo de elaboração e implementação do orçamento;
- Prestação de contas sobre atos administrativos e financeiros em linguagem clara e acessível;

 

domingo, 13 de março de 2011

Fábio José - A crise capitalista: Cinco observações de um historiador

Artigo do historiador cearene Fábio José relembrando o historiador Fernand Braudel sobre a atual crise econômica mundial. Um excelente e oportuno artigo que vale a leitura.

A CRISE CAPITALISTA: CINCO OBSERVAÇÕES DE UM HISTORIADOR.
(Fábio José C. de Queiroz)

Fernand Braudel morreu há aproximadamente um quarto de século. Historiador francês e membro da Escola dos Annales (agrupamento de historiadores franceses), de feito, deixou uma vasta e importante obra. Em que pese uma visão um tanto difusa do capitalismo, deixou-nos, contudo, alguns clarões que, ainda hoje, podem iluminar certas questões que dizem respeito ao modo de produção mencionado. Um desses clarões se refere especificamente à temática das crises capitalistas. É possível se estabelecer um elo apropriado entre algumas observações de Braudel acerca do tema e a crise que, em linhas gerais, tem açoitado esse regime social, pelo menos nos últimos três anos.

Não se deve esquecer que antes da eclosão da atual crise, cujos primeiros sintomas se revelaram já no segundo semestre de 2007, nenhum economista a soldo do capital aceitaria que, por exemplo, se questionasse a “saúde” da Irlanda. Inversamente, esse país era considerado um protótipo de economia bem sucedida. Fala-se aqui de Irlanda, mas se poderia falar também de Portugal, Espanha e Grécia e agregar depois um longo e dramático etcétera.

Mas isso não parece uma grande novidade. Sob essa ótica, quem, na América Latina, não lembra que México e Argentina foram considerados – nos anos 1990 – modelos adequados que deveriam ser seguidos por cada um dos seus vizinhos da região? A crise os arrastou pela gola e contra eles foram desferidos golpes sem misericórdia. Daqui resulta um primeiro vôo sobre a obra de Braudel.  Num pulo rápido, pode-se examinar a primeira observação do historiador francês:
Quando a maré é montante, todos os países são servidos. Com o refluxo, há o corre-corre geral, os fortes se abrigam por trás dos mais fracos, exploram-nos, empurram-nos delicadamente para as águas perigosas (BRAUDEL, 1992: 333/334).
Ora, o que estamos assistindo no momento? Os fortes não se abrigam por trás dos mais fracos? Não os empurram para as águas perigosas? A quem beneficia a política de desvalorização do dólar? Não são exatamente os mais fortes que se protegem e empurram os mais fracos? Não são precisamente os Estados Unidos os principais favorecidos?

Obviamente, que a ligeira recuperação de 2009, uma recuperação anêmica, permitiu aos ideólogos do capital a deslanchar uma campanha cujo desenho panorâmico se expressou num singelo bordão: “o pior já passou”. Mas qualquer que fossem as vantagens que essa campanha garantisse, era limitado o seu alcance. Nesse caso, a certeza retumbante não demorou a cair do cavalo. Há algo de paradoxal entre o otimismo exalado pela campanha publicitária e a desconfiança aguda de que países como Irlanda (onde quase 60% da população defendem a moratória), Portugal, Espanha e Grécia não “honrem” os compromissos com as suas respectivas dívidas.

Ainda assim, há lugares em que o capitalismo não apenas cresce, mas apresenta um crescimento manifestamente robusto (China, Índia, Brasil etc.). Os dados parciais de 2010 sinalizam nessa direção, apesar da rápida aceleração inflacionária que paira sobre a cabeça dos membros do BRIC. Apesar dessa objeção, uma questão se impõe: há uma parcela da economia cujo desempenho se enquadra em uma zona de ganhos.

Não é um caso surpreendente. O Brasil saiu da crise de 1929 antes dos EUA e da Europa. A URSS – uma economia de transição e planificada – cresceu nos anos 1930 enquanto a economia do mundo retrocedia brutalmente (um caso singular que, por falta de tempo e espaço, não cabe examinar aqui). Considerando períodos anteriores, não será difícil detectar situações em que casos determinados fogem à regra. Braudel recorda o caso da Holanda na transição do feudalismo para o capitalismo:
Já no século XVII, a Holanda esteve abrigada, enquanto a recessão percorria a Europa. Hoje, quem desempenha o papel da Holanda em seu já remoto Século de Ouro? (BRAUDEL, 1992:334).
Essa segunda observação braudeliana lembra aos mais incautos de que a dinâmica de qualquer crise não é linear e mecânica, mesmo tomando por referência situações históricas que precedem ao processo de emersão do modo de produção capitalista como sistema dominante. Hoje mesmo, há de se recordar que a Alemanha apresentou em 2010 um crescimento econômico que é o maior desde a reunificação de 1990.

Mais do que isso, o que se discutiu nos últimos parágrafos inclina o estudioso da conjuntura a aceitação de que “a crise pode conhecer tréguas, patamares, pausas, ou mesmo, alguns dias de bonança...” (p. 331). Essa terceira observação de Fernand Braudel, decerto, tem sido brilhantemente confirmada pela nova crise do capitalismo. A trégua que começou em 2009 refugou no ano seguinte. Pior: o furacão alcançou o berço desse regime social: a Europa.

Alguns dias de bonança acontecem e se mostram aos olhos de quem não se recusa a enxergar as pausas que surgem, ainda que somente como quem prepara o instante seguinte de um novo patamar da velha crise. A definição não tem exagero. O resultado desse entendimento é inestimável: a crise que se estende por mais de 1.000 dias assume um caráter inerentemente orgânico. É certo que se desejava uma chuva de verão (“uma marolinha”), mas o inverno do capital se prolonga além do estimado.

Não se deve, todavia, ignorar que o velho Braudel confere às estruturas, ainda que pareçam carcomidas, um peso quase insopesável. A crise é estrutural e nesse enfoque parece praticamente invencível. Compreende-se, assim, porque ele não considera que sejam “os governos constituídos que governam, mas a crise, força enorme, monstro, gigante da história, fatalidade de grande fôlego” (p. 331). Na versão braudeliana da crise, os sujeitos e as instituições políticas quase somem como personagens e instâncias de um mundo liliputiano. Tal observação – a quarta - carece de ser repensada.

Há de se dimensionar que, embora agindo tardiamente, os governos conseguiram tirar o capitalismo da crise que se abriu com o crack de 1929. Convém ainda lembrar o papel cumprido pela Segunda Guerra para formulação de uma saída para superação da triste paisagem depressiva. Novamente, e agora de forma mais rápida, eles atuaram e procuraram atenuar ou vencer a crise. Foram injetados na economia mundial aproximadamente 25 trilhões de dólares. A finalidade não era outra senão a de salvaguardar a ordem do capital. Com efeito, não conseguiram vencer o longo inverno, mas apenas o atenuaram. A crise é um monstro de grande fôlego, mas não é inquebrantável. É por isso que não se deve negligenciar a capacidade do capital e dos seus governos em lidar com os seus efeitos. Quantas delas não surgiram e desaparecem ao longo da história?

O segredo interno, para usar uma expressão cara ao velho Marx, em última análise, estaria na luta de classes. Explica-se: a solução das crises não é um problema simplesmente econômico, mas se resolve no campo da luta de classes. As decisões políticas, por seu turno, são partes inseparáveis da luta de classes.

Sob essa perspectiva, o historiador da segunda geração dos Annales, arremata uma quinta observação: “a luta de classes pode se atenuar, mas é o fogo debaixo da cinza, nunca extinto” (p. 344). Isso é dito antes que alguém apressado pergunte: cadê as greves gerais da Grécia? As coisas não se acalmaram em França e Espanha? E a Irlanda não se recupera? Veja-se: o ano de 2010 marcou a sua presença através de greves e mobilizações multitudinárias que varreram o velho mundo. Por que em 2011 as coisas se acalmariam? A aparente calma é o fogo debaixo da cinza, nunca extinto. Por baixo da cinza, há uma camada mais profunda. Os próximos acontecimentos poderão ou não ratificar essa hipótese.

Há de se admitir que a luta de classes não seja feita de certezas que garantam que o desfecho será assim ou assado. Não, a luta é uma trama aberta, embora essa trama já tenha indicado tendências que assustam o capital e acende uma luz de esperança para aqueles que, mais do que nunca, nada têm a perder, mas um mundo a ganhar. O essencial ainda se desenrolará, mas uma coisa, desde já, precisa ser destacada: a classe operária entrou em cena e isso conta na definição dos próximos capítulos.

Bibliografia:
BRAUDEL, Fernand. Reflexões sobre a história, São Paulo: Martins Fontes, 1992.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Revolução árabe

Revolução
Manifestantes na Líbia lutam pela soberania do país e rejeitam intervenção militar estrangeira

 
 
Apesar da brutalidade da repressão do ditador líbio Muammar Kadafi, os manifestantes rejeitam a intervenção dos EUA no país, possibilidade que vem sendo aventada após a resolução do Conselho de Segurança da ONU do último final de semana.
Em Bengasi, centro da oposição ao ditador e a segunda maior cidade do país, uma faixa estampava a frase na principal praça: “Não à intervenção estrangeira, o povo líbio pode gerir isso sozinho”, junto a uma manifestante com a bandeira líbia da era anterior a Kadafi. O correspondente do Estadão na região, Lourival Santana relata que “os rebeldes não querem e acham que não precisam de tropas estrangeiras; dizem que no terreno são superiores às forças leais ao regime” .
Segundo um blogueiro líbio que escreve da capital Trípoli ao jornal britânico Guardian, com o pseudônimo de Mohammed: “Uma coisa parece ter unido todos os líbios: qualquer intervenção militar por terra, por qualquer força estrangeira, desencadearia lutas muito mais duras que os mercenários”. Em seguida o blogueiro também rechaça um ataque aéreo. “Esta é uma revolução totalmente popular, nosso combustível tem o sido o sangue do povo líbio” .
Após atacar a hipocrisia dos países imperialistas, que ignoraram a ditadura e a opressão do povo líbio por décadas, Mohammed pede aos países Ocidentais: “não tornem uma revolução popular pura em uma maldição que cairá sobre todos” .
Sanções
Após o Conselho de Segurança da ONU determinar no dia 27 de fevereiro uma série de sanções à Líbia e o início de um processo de investigação sobre os crimes de guerra cometidos no país, os EUA anunciaram a aproximação de forças militares no país, através de sua Marinha. Dois navios de guerra com centenas de marinheiros estão estacionados no mar Mediterrâneo e preparados para uma eventual intervenção.
Ao mesmo tempo, o país aventa a possibilidade de decretar um “espaço de exclusão aéreo”, que na prática significaria a invasão do país por ar e o bombardeio de posições de forças pró-Kadafi.
O povo líbio e os setores dissidentes do Exército, porém, mostram a força da revolução contra Kadafi. Do Leste, a oposição foi avançando sobre a capital e hoje o ditador se vê encurralado em Trípoli. Segundo a imprensa internacional o povo e, principalmente os jovens, estão tendo treinamento militar em Bengasi para o enfrentamento final contra o ditador.
Nenhuma confiança no Imperialismo
Desde o final dos anos 90, com a aproximação do ditador ao Ocidente e abertura do país às multinacionais, os EUA, assim como o imperialismo europeu, vinham estreitando suas relações com o regime de Kadafi.
Obama só foi condenar abertamente o ditador líbio quando já estava claro que a sua ditadura estava com os dias contados. A partir daí, os EUA vem tentando utilizar a mesma tática que implementam no Egito, ou seja, articular e tentar dirigir a transição no país, mantendo os seus interesses. Na Líbia isso é especialmente importante devido ao petróleo e o gás exportados a todo o planeta.
O povo líbio, porém, demonstra não depositar qualquer confiança no imperialismo e trata de enfrentar Kadafi com as próprias mãos.

Fonte: CSP-Conlutas